O que é Macroergonomia?
Na realidade, Macroergonomia é Ergonomia, se for considerada a definição da IEA (https://iea.cc/what-is-ergonomics/):
Definition and Applications
The word ergonomics — “the science of work” is derived from the Greek ergon (work) and nomos (laws). Ergonomics (or human factors) is the scientific discipline concerned with the understanding of interactions among humans and other elements of a system, and the profession that applies theory, principles, data, and methods to design in order to optimize human well-being and overall system performance.
The issues HF/E addresses are typically systemic in nature; thus HF/E uses a holistic, systems approach to apply theory, principles, and data from many relevant disciplines to the design and evaluation of tasks, jobs, products, environments, and systems. HF/E takes into account physical, cognitive, sociotechnical, organizational, environmental and other relevant factors, as well as the complex interactions between the human and other humans, the environment, tools, products, equipment, and technology.
Pela definição, Ergonomia tem visão sistêmica para projetar, levando em consideração questões físicas, cognitivas, organizacionais.
Se não tem visão sistêmica, não considera todos os elementos do sistema e não projeta o sistema, ou seja, não dá uma solução (só faz diagnóstico), então não é Ergonomia. É Microergonomia!
O termo Macroergonomia não deveria existir (deveria ser Ergonomia) mas foi cunhado por Hal Hendrick para diferenciar da Microergonomia que estava (e ainda está) em voga. Microergonomia que foca questões físicas do posto de trabalho ou do ambiente físico (sem ver o sistema ao redor), Micro que foca questões cognitivas por causa do advento da informatização (também sem ver o sistema ao redor), e Micro que foca questões organizacionais como capacitação para o trabalho, modus operandi, tarefas, processos de trabalho, etc (também sem considerar o sistema ao redor).
A Macroergonomia considera todas as Micro juntas e mais o contexto do Ambiente Externo (que é geralmente ignorado). Mas o certo mesmo era chamar Macroergonomia de Ergonomia, e as micro, de Microergonomia mesmo.
Por que macroergonomia?
Porque pode dar soluções mais ajustadas para uma sociedade com tantos desajustes. Tem que gerar soluções com amplo foco, com objetivos a curto, médio e longo prazos, mas não dá para gerar soluções tapa buraco, band aid. Tem que ser sempre uma solução sustentável.
Caminhos e estratégias para viabilizar a macroergonomia?
Só tornando a Ergonomia um plano de governo, na realidade, uma politica de Estado.
Temos que convencer um político (deputado talvez...), e instituições que têm a caneta e o dinheiro na mão. Eles é que têm voz ativa, então só eles podem mudar o status quo. Cabe a nós, ergonomistas, fazer a cabeça dos políticos e das instituições.
Mas para isto, precisamos ter dados que comprovem que ergonomia dá certo, e gera lucro (financeiro, social e politico). Por isso, o GT Macro precisa de um case de sucesso para apresentar, para quem detém o comando, ou pelo menos as rédeas, para mudar a mentalidade do país.
A ação da Ergonomia tem que ser então: top down (da academia e Abergo+políticos e instituições para baixo), depois bottom up (pela participação da sociedade para cima) e middle out porque, uma vez estabelecido o acordo da Ergonomia, ela se realimenta: vai top down para bottom up, vai bottom up para top down, e middle out porque vai para todos os lados da hierarquia.
Qual é a relação com a sustentabilidade?
Tudo, porque sustentabilidade foca no equilíbrio das dimensões social, ambiental, cultural, espacial e econômica, e a Ergonomia projeta considerando isto tudo para otimizar o sistema (sociotécnico+) em todas estas dimensões.
É que sustentabilidade geralmente é considerada ou sob o ponto de vista econômico (por exemplo, Economia Circular, que é uma visão de negócio) ou ambiental (defendendo a natureza) mas pouco se enfatiza a dimensão social. Entra aí a Ergonomia, contribuindo com o social (ser humano e sociedade) e sua relação com os demais elementos do sistema sócio+técnico+natural+econômico.
Um exemplo de contribuição da Ergonomia: como criar trabalho, que tipo de trabalho, para que tipo de trabalhadores, com que recursos, em um país com tanto desemprego?
Uma alternativa é usar resíduo (abundante) que vai para o lixo, sem ser lixo (pois resíduo é matéria prima para alguém). O resíduo está em uma dada região (criando problema ambiental e econômico) que geralmente precisa de trabalho e renda (problema social e espacial), então temos que ter criatividade para projetar sistemas de trabalho que incluam pessoal local e material (resíduo) local, gerando desenvolvimento regional. Isto é sustentável!
Não é fácil fazer um projeto deste, pois é inovação radical, mas a gente não faz nada sozinho. Dependemos de um grupo multi/interdisciplinar interessado e preparado para movimentar uma mudança cultural, o que é muito difícil, mas possível e necessário.
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Obrigado. Conte com as minhas colaborações, é sempre um grande prazer contribuir para a sustentabilidade e desenvolvimento social, sobretudo em tempos de eventos tão singulares e necessários para tantos e tantas que precisam ressignificar as suas existências.